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Quinta-feira, Novembro 30, 2023
 

Apaga-se uma Chama e Revoluciona-se a Indústria Petroquímica em Angola

A indústria petroquímica é responsável pela produção de produtos de consumo diário e podemos afirmar que sem ela, o ser humano voltaria à idade da pedra.

Basta olharmos à nossa volta para percebermos que quase tudo que usamos tem um produto ligado directa ou indirectamente à petroquímica, desde sabonetes, produtos farmacêuticos, fertilizantes, pesticidas, calçado, cremes da pele, bijuterias, produtos de beleza, tissagem e sem falar dos plásticos das mais diversas formas e estruturas.

A questão que se coloca é a seguinte: de onde vem a matéria-prima para se obter a diversidade de todos esses produtos? A resposta é simples. Vêm do gás queimado nas chaminés das plataformas de petróleo e de subprodutos da indústria do refino, razão pela qual alguns especialistas associam a petroquímica à refinação de petróleo.

Por outro lado, sabemos que a indústria petroquímica é dividida em três gerações. A primeira é conhecida como a geração do eteno e propeno, cujo a produção comercial é obtida tradicionalmente por craqueamento do nafta, recuperação de gases das refinarias ou craqueamento de hidrocarbonetos leves. Já a segunda é conhecida como geração do polietileno, polipropileno e PVC obtidos através do processo de polimerização do produto da geração anterior.

E, por fim, temos a terceira geração conhecida como a da conversão ou transformação do plástico que permite obter o produto final comercial, que a partir deste lança-se o método de sopro e outros para obtermos as variedades de formas de plásticos utilizados no nosso dia-a-dia, como os copos, as garrafas e muito mais. 

O surgimento do projecto Angola LNG implementada no Soyo, província do Zaire, permitiu apagar as chamas, mas não revolucionou a indústria petroquímica do país, devendo-se entre muitos factores a ausência de polos petroquímicos de segunda geração que dariam o tratamento subsequente  do gás liquefeito puro obtido no LNG.

Outro grande factor é o facto de o projecto registar muitas paragens programadas e não programadas desde que retomou às exportações em Junho de 2016, após uma paragem de quase dois anos. Tem havido um esforço em Angola para o surgimento de polos petroquímicos, mas todos eles de terceira geração, viradas para transformação de plástico importados em grânulos da Europa e da Ásia, para se obter produtos de primeira necessidade para o mercado interno.

Estes esforços são visíveis, e podemos ver o exemplo da Angoplaste e outras pequenas unidades que tentam de forma muito tímida dar o ar da sua graça na produção de tubos PVC, tintas e outros materiais. Em suma podemos afirmar que se fizéssemos uma aposta séria no Mid e Downstream (fases que tratam dos derivados do petroleo desde a logística e comercialização dos mesmos), com a construção de refinarias simples e complexas, revolucionaríamos o surgimento da indústria petroquímica de primeira e segunda geração.

Assim, estaremos a evitar importação de matéria-prima para a petroquímica de terceira geração e a minimizar a poluição causada pela queima de gás nas plataformas, estaríamos também a criar mais postos de trabalho directo e indirectos, catalizando por outro lado, a agricultura com o fornecimento em grande escala de fertilizantes, pesticidas e outros produtos provenientes da petroquimica.

Sobre o autor:

Mateus António Esteita, Engenheiro em Tecnologia Química de Combustíveis e Materiais de Carbono, pela Universidade Estatal de Petróleo e Tecnologia de Ufa-Rússia. Mestre em segurança de processos na indústria de petróleo e gás, pela mesma universidade.

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