A Galp, maior empresa de petróleo e gás de Portugal espera alcançar um crescimento da produção no upstream de apenas 10% para todo o ano de 2020, abaixo dos 13% e 17% previstos anteriormente. Esta redução na previsão é resultante da queda dos preços do barril de petróleo nos mercados internacionais e a fraca demanda no downstream, causadas pelo impacto da Covid-19.
O aumento da produção significa traduz-se num working interest de cerca de 136.500 boe/d para o 2º semestre de 2020, após a produção working interest de 131.400 boe/d no 1º semestre do ano.
As operações upstream da companhia foram impactadas marginalmente no 2º trimestre, com duas paralisações nas FPSOs brasileiras relacionadas com a pandemia, sendo que as operações foram retomadas e também se iniciou a produção da FPSO Atapu Sul no final de Junho, com uma capacidade de cerca de 2.550 boe/d.
Antes do surto de Covid-19, a Galp previa um aumento de 13% a 17% na produção upstream em 2020, na sequência de um ramp-up em Berbigão-Sururu, Brasil, e do início de Atapu 1. No entanto, recuou no investimento de capital no upstream e adiou os planos de desenvolvimento, uma vez que visa manter os custos de produção abaixo de $3/bbl para se adequar ao cenário de baixos preços do petróleo.
A empresa cortou a previsão do preço do petróleo Brent para $ 40/bbl em 2020 dos anteriores $65/bbl, assumindo uma estrutura contango, ou aumento no preço, de $5/bbl ano/ano até 2025.
A maior parte dos cortes de investimentos da Galp correspondem aos projectos em Moçambique, embora também espere algumas reduções não especificadas no Brasil e na Península Ibérica. No 1º semestre do ano, a Galp cumpriu com sucesso o seu objectivo de redução do capex com $280 milhões investidos (66% no upstream). Foi anunciado um corte nas despesas de capital para 2020 e 2021 na ordem dos $1,2 bilhões/ano para cerca de $600 milhões/ano devido aos impactos combinados da queda do preço do petróleo e das restrições impostas pelo coronavírus na economia mundial.
No downstream, as medidas relacionadas a Covid-19 afectaram tanto os volumes de vendas da empresa quanto às operações das refinarias, com o esgotamento da demanda e o aumento dos estoques. O impacto da pandemia foi visto nas vendas do downstream, onde observou-se uma queda de 43% em relação ao ano anterior nas vendas de derivados de petróleo no 2º trimestre de 2020 para 2,4 milhões de toneladas e uma queda de 47% nas vendas de gás natural para 11,7 TWh.
Com uma procura mais fraca e elevados estoques, a empresa reduziu as operações em ambas as refinarias portuguesas durante o trimestre, com a central de combustível de 110.000 b/d em Matosinhos parada no final do 2º trimestre. A produção da refinaria no 2º trimestre caiu 49% ano/ano, para 13,4 mboe, equivalente a uma taxa de utilização de 45%, ou cerca de metade da estimativa pré-Covid.
A margem de refino também caiu 39% ano/ano para $1,80/bbl no 2º trimestre, em comparação com os $4- $5/bbl assumidos anteriormente para 2020 até 2022. (Platts).