A matriz energética mundial ainda continua altamente dependente dos combustíveis fósseis, que representam 82% do consumo de energia primária em 2023.
Embora a demanda por gás natural e carvão tenha permanecido praticamente constante, o consumo de petróleo aumentou devido à recuperação económica no período pós-pandemia. Apesar do declínio 5% verificado no consumo desde 2010, período em que o consumo global de combustíveis fósseis fixou-se em 87%, a taxa actual de declínio no consumo sugere a necessidade de quase 02 séculos para que o consumo de combustíveis fósseis fosse totalmente eliminado.
A demanda global de energia aumentou 1,1% em 2022, estabelecendo um novo recorde. Contudo, o ritmo de crescimento foi mais lento em comparação a 2021, em que se experimentou uma subida de 5,5%. Vários fatores influenciaram essa desaceleração, destacando-se a guerra na Ucrânia que afectou fortemente os mercados energéticos.
A quota das energias renováveis, solar e eólica foi responsável por 7,5% do consumo primário de energia, registando um aumento de quase 1% em relação a 2021. O crescimento das energias renováveis, excluindo hidrelétricas, atingiu 14% em 2022, ligeiramente abaixo da taxa de crescimento de 16% do ano anterior.
A guerra entre a Rússia e a Ucrânia trouxe consequências profundas aos mercados energéticos, resultando num aumento significativo nos preços do gás natural e do carvão, além de causar mudanças nos planos de redução gradual do uso de carvão na Europa. A China e a Índia foram os principais impulsionadores do aumento da demanda global por carvão, alcançando o nível mais alto desde 2014.
Devido a preços históricos na Europa e Ásia, a demanda global por gás natural experimentou uma queda de 3% em 2022, situando-se um pouco abaixo dos 4 trilhões de metros cúbicos alcançados pela primeira vez em 2021. Sua participação na matriz energética primária caiu para 24% em 2022 se comparado aos 25% alcançados em 2021.
As emissões de CO2 atingiram um recorde de 34,4 biliões de toneladas, evidenciando a lacuna em relação às metas estabelecidas pelo Acordo de Paris. Apesar dos marcos significativos alcançados pelas energias renováveis, as emissões continuam a aumentar. O crescimento das energias renováveis não foi capaz de compensar o aumento das emissões, tornando evidente a falta de progresso na redução das emissões globais de CO2.
Embora os avanços tenham sido alcançados no campo das energias renováveis, a predominância dos combustíveis fósseis na matriz energética global continua inabalável.
A crise energética resultante da tensão Rússia-Ucrânia destacou a fragilidade do sistema e a necessidade de se diversificar as fontes de energia. A crescente trajetória das emissões CO2 sublinha a urgência na aceleração da transição para fontes mais limpas, a fim de se cumprir com as metas climáticas globais.
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