O Gana enfrenta uma iminente escassez de combustível enquanto o banco central procura limitar o acesso ao dólar, já que os preços dos produtos de energia subiram após a invasão da Rússia à Ucrânia.
A conta mensal de importação de combustível do país da África Ocidental aumentou de $250 milhões em janeiro para $450 milhões no mês de maio. No entanto, o banco central está a oferecer apenas cerca de $100 milhões/mês em seus leilões cambiais, ao mesmo tempo em que os distribuidores a granel licenciados reportam falta de capacidade para continuarem a suprir o déficit no mercado negro.
Os governos africanos têm estado a enfrentar escolhas difíceis à medida que as sanções ocidentais contra Rússia perturbam os mercados globais de energia, provocando aumento dos preços das commodities energéticas. Embora a África comporte numerosas reservas de petróleo e gás e simultaneamente grandes produtores de petróleo, o continente possui ainda uma capacidade limitada de refinação de petróleo, o que o torna fortemente dependente da importação de derivados do petróleo.
O banco central do Gana está relutante em gastar seus poucos dólares na importação de combustível, apesar de estar também a procurar maneiras de aumentar as suas divisas. De acordo com a autoridade monetária ganense, as reservas internacionais líquidas do país diminuíram de $9,7 biliões no final do ano passado para $8,34 biliões em abril, uma queda de $1,36 bilião (14%) em menos de 8 meses.
O desafio da nação ganense se intensificou este ano, com a desvalorização da moeda local cedi em 22% face ao dólar, o pior desempenho entre as moedas africanas monitoradas pela Bloomberg. A taxa de inflação do país saltou para 27,6% em maio, o nível mais alto em mais de 18 anos, refletindo o aumento dos custos de alimentação e transporte.