Luanda albergou no passado dia 26 de Março o Fórum Banca Oil & Gás, no Palmeiras Suite Hotel, em Talatona – Luanda.
O evento organizado pela PETROANGOLA, reuniu os principais executivos da Banca Comercial angolana e do Sector Petrolífero, para abordar questões relacionadas aos investimentos financeiros na indústria de petróleo & gás.
O Fórum teve como objectivo aprofundar a participação da Banca Comercial na actividade petrolífera, abordar sobre a criação do Fundo Petrolífero Angolano e o modelo a ser aplicado, com o intuito de se apoiar o desenvolvimento das infraestruturas industriais e a capacidade técnica das empresas exploradoras e prestadoras de serviço no sector de Oil & Gas.
Tratou-se de um evento semi-presencial, que contou com a presença de várias individualidades, destacando-se o Vice-governador do Banco Nacional de Angola, Dr. Manuel Tiago Dias, representantes dos Bancos Yetu, BAI, BFA, Standard Bank, Caixa Angola e algumas empresas do sector petrolífero como a Octomar, Acrep e Hamad. O Fórum Banca Oil & Gas contou também com a participação de representantes de instituições financeiras internacionais especializadas em investimentos no sector energético como o fundo de investimento do Reino Unido Alphier Capital e do Exim Bank dos EUA.
O papel da banca nacional no sector petrolífero foi o tema de debate, sendo que actualmente os bancos têm uma actuação muito limitada o que tange o sector dos petróleos. O relançamento da actividade petrolíferas em Angola e as rondas de licitações de novos blocos onshore and offshore, resultam num aumento do volume de investimentos esperado no sector petrolífero angolano nos próximos 5 anos (2021-2025). Estima-se uma alocação de capital na ordem dos $70 biliões, dos quais 8% serão aplicados em CAPEX a partir de 2023. Este aumento nos investimentos representam uma grande janela de oportunidade para Banca e empresariado local, de modos a se aumentar os níveis de participação de empresas e cidadãos angolanos no negócio do petróleo.
Foram identificadas algumas exequibilidades para Banca nacional atuar de forma mais acentuada dentro do sector petrolífero, particularmente: Emissão de Garantias Financeiras, Gestão dos Fundos de Abandono, Associação com a Concessionária Nacional e através da criação de um Consórcio de bancos. Foram também identificadas oportunidades de investimento para Banca Comercial nos segmentos do Midstream e Downstream, sendo que estes apresentam menor complexidade tecnológica e podem dinamizar o sector.
Os painéis trouxeram à discussão questões sobre o financiamento do sector petrolífero, sendo que este tem sido um grande desafio atribuído a uma falta de interação entre as instituições financeiras e as empresas de petróleo e gás, tanto nacionais como estrangeiras. A criação de modelos financeiros e modelos de análise de alto risco podem mitigar muitos dos riscos existentes no investimento do sector petrolífero e estender as linhas de crédito para esta indústria estratégica. Foi igualmente discutida a Política Cambial para o sector petrolífero, que contou com uma apresentação do Subdirector do BNA – Alves Ferreira, uma vez que as operações cambiais do sector petrolífero apresentam uma nova configuração como descritas no Aviso n.º 13/19 do BNA.
Dos conteúdos abordados, foi destacado a criação do Fundo Petrolífero Angolano, que objetiva assegurar a gestão dos recursos petrolíferos de forma mais adequada, criando uma base de investimentos financeiros que pode gerar receitas futuras num cenário de declínio da produção de petróleo.
O Fórum Banca Oil & Gas será realizado anualmente, uma vez que visa incentivar a participação e financiamento da banca comercial angolana nas actividades do sector do Oil & Gas de modos a desenvolver e dinamizar o sector, e servirá de palco para apresentação de projectos e financiamentos do sector energético como um todo. O evento superou as expectativas. os objectivos foram alcançados os questionamentos respondidos com clareza. Conclui-se que Angola possui um bom perfil de empréstimo devido aos seus vastos campos petrolíferos que têm uma alta maturidade, o que constitui um factor positivo para assegurar investimentos contínuos e de longo termo.
A Banca internacional é a favor da entrada de bancos locais e regionais no sector petrolífero angolano, porque garante uma maior liquidez ao mercado e aumenta os sindicatos dos bancos. A criação do Fundo Petrolífero é crucial para o desenvolvimento das PMEs do sector petrolífero em Angola, porém existe a necessidade de se despolitizar e fortalecer as instituições públicas para que o Fundo tenha o fim desejado – que é de alavancar a economia nacional.